22/04/2014

Balada das mãos ausentes

Letra: João Dias
Música: Raul Ferrão
(Fado Alcântara)

Este poema, quisera que fosse grito
Para lá do infinito, além do tempo
Que o próprio vento, levasse em seu rumor
Como mensagem de amor, este poema
Que a minha voz, fosse a voz da própria terra
Ecoando de serra em serra, gritos de paz
Gestos de pão, sagrados são, gestos de amor
Por cada um nasce uma flor, em cada mão

Semideuses conquistam a Lua
Outros planetas, todo o universo
E na terra, tu criança nua
Que triste vegetas, sem pão e sem berço
E às mãos que trocaram arados
E gestos sagrados, de redes e remos
Por gestos de morte, blasfemo
Gritarei no meu fado, o herói está errado

Quisera ser a força do mar revolto
Neste grito que ora solto, em alta voz
E que este canto, fosse a voz de todos vós
O pranto do vosso pranto, quisera ser
Para dizer: mãos sublimes, mãos ausentes
Na distância das sementes, voltem à terra
Ela vos quer, de novo no seio sagrado
Pois há lamentos de prado, na voz da terra